O AMOR
NOS TEMPOS DO CÓLERA
Ano: 2007
Direção
Mike Newell
Roteiro:
Ronald Harwood
Elenco: Javier Bardem - Florentino
Ariza; Giovanna Mezzogiorno - Fermina
Daza;
Benjamin Bratt - Dr. Juvenal Urbino; Fernanda Montenegro -Tránsito Ariza
Produtores
e Realizadores internacionais resolveram, por bom lucro e certeiro investimento
no capital, cometer uma obra com técnica apurada, oferecendo, aos cinéfilos de
todo mundo, filme baseado no livro de Gabriel Garcia Marques, o Gabo.
O AMOR NOS TEMPOS
DO CÓLERA, é filme bonito, e, bem adaptado, em que pese adaptar um romance de
alto calibre, inda mais em se tratando de Nobel de Literatura, sob o qual
nossas cabeças se devem baixar em uníssono e constante louvar e idolatrar.
Na imagem fílmica a história pode até ficar outra. Ela muda, ela é
baseada em..., disso já sabemos. No entanto, no caso desse específico “CÓLERA”
pesou mais o apelo ao colonialismo. Os
produtores escolheram atrizes e atores que ganharam ou foram indicados ao
Oscar, sendo todos artistas latinos ou de língua latina de todo o mundo. Todos
excelentes. Fernanda Montenegro (Brasil), Javier Bardem (Espanha), Giovanna
Mezzogiorno (Itália), John Lenguizamo (México), e mais os colombianos. Um time
de peso, tendo ainda a voz de Shakira para completar a sonoridade
latino-americana levando, para nossa intimidade e estética, um cancioneiro
lamentoso da América do Sul e Central. A paisagem caribenha dava sua cor
natural, lapidada entre filtros dourados e tons de sol e céu anilado. Porém, o idioma escolhido para o filme foi o
inglês, sem dublagens; todos os artistas falavam no idioma inglês, o que matava
o texto e, no caso, matava a interpretação. Para o ouvido limitado do americano
do norte, atrizes e atores, falando em inglês, carregam no sotaque e, isso já
será considerado outra língua lá para eles.
Um bom exemplo a
ser seguido, em termos de adaptações da grande literatura, foi a modernosa
adaptação d’O CRIME DO PADRE AMARO, em espanhol-mexicano, falado em castelhano.
Uma espécie de ‘ação entre amigos’ vizinhos, de certo modo, o livro do idioma
português e a adaptação para o idioma espanhol. Porém, no “CÓLERA”, a metrópole anglo saxônica
mandou. A colônia obedeceu. Falou mais alto, bateu o pé financeiro, escolheu a voz do maior mercado.
Calou-se a língua castelhana, que, apesar disso tudo, vem ganhando
espaço no planeta, como uma das mais faladas.
Mas, a peste
colérica ganhou a parada e a plêiade de artistas passou a falar em falso
inglês. Inglês manco. Os latinos frequentadores de cinema terão que se ater a
legendas nos filmes importados da Metrópole, como sempre o fazem. Dessa forma
fica a sugestão singela: bolar roteiros e enredos de peças teatrais sem texto
algum, assim, todos entenderão, independente do país e do idioma, compreendidos
até mesmo no Japão. Será um produto de exportação facilitada.
A educação no país brasileiro já é precária. As obras na tela grande consomem o que nos
resta da linguagem com péssima legendagem de tradutores desnorteados ou
norteados para o Norte – se me permitem o trocadilho.
Essa
posição piora se, ainda por cima, não assistirmos aos produtos cinematográficos
brasileiros. Fomos educado a dizer que a obra brasileira não presta, mas, nos
acostumamos a engolir as porcarias importadas. É que estamos de cabeça feita,
formatada, com lavagem cerebral de alto quilate.
Valorizar a obra brasileira, então, é
obrigação de todos e independe de gostar ou não. A arte não é para ser gostada
nem entendida. É para ser usufruída. É necessário aprender que o produto
artístico do país reflete, também, sua identidade com aquele país. Aprender que
existem múltiplos olhares para se enxergar a mesma realidade se faz necessário.
Aprender que o modo americano de fazer filmes é apenas um deles e não é,
necessariamente, o melhor. Existe o italiano, o hindu, o francês, o alemão...
cada um em sua linha, cada um com sua graça e peculiaridade.
Leia o livro “O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA”, de Gabriel
Garcia Marques. Estude as imagens que o diretor do filme criou; compare com as
imagens de leitor criadas em sua mente de leitor criador. Será um exercício vigoroso para ganhar poder
crítico. Para ganhar distanciamento. Para ampliar o poder de observação. Ser
cinéfilo não é apenas assistir tudo quanto é coisa e qualquer coisa; há que ser
seletivo; saber selecionar. Também se deve saber ver, e, para bom entendedor os
primeiros minutos do filme já dizem de sua importância.
Agora,
escolha filmes brasileiros. Experimente os latino-americanos. Haverá muita
surpresa. Curiosidade: muito filme que
já passou em nosso circuito – CARANDIRU ou PIXOTE – é produto brasileiro e foi
dirigido por um artista argentino, olha que interessante! Assista NOEL ROSA.
Samba suor e cerveja.
É
isso.
Sucesso,
vida longa e prosperidade, em nome do Sr. Spock.
Parece ser um bom filme, mas não é de me interessar muito não :\
ResponderExcluirAbs
pena.
ExcluirLivro lido por mais de 4 vezes, sempre retorno. Vou procurar o filme. Em espanhol, no meu entender, seria melhor.
ResponderExcluirVocê gostará do filme... tenho certeza... é bonito.
ExcluirInteressante. Espero lembrar dele quando tiver um tempo pra assistir a algum filme.
ResponderExcluirquero ver
ResponderExcluirMe pareceu muito interessante...
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