Título: A Ilha Dos Dissindentes
Autor: Bárbara Morais
Editora: Gutenberg
Número de Páginas: 304
Classificação: ★★★★
Sinopse
Ser levada para
uma cidade especial não estava nos planos de Sybil. Tudo o que ela mais queria
era sair de Kali, zona paupérrima da guerra entre a União e o Império do Sol, e
não precisar entrar para o exército. Mas ela nunca imaginou que pudesse ser um dos
anômalos, um grupo especial de pessoas com mutações genéticas que os fazia ter
habilidades sobre-humanas inacreditáveis. Como única sobrevivente de um
naufrágio, ela agora irá se juntar a uma família adotiva na maior cidade de
mutantes do continente e precisará se adaptar a uma nova realidade. E logo
aprenderá que ser diferente pode ser ainda mais difícil que viver em um mundo
em guerra.
Resenha
Já fazia um tempo que estava atrás desse livro pra ler, mas toda vez que eu tinha condições de comprá-lo ele se esgotava das prateleiras. Fiquei curiosa quando tinha lido a sinopse, já que me lembrou muito uma vibe X-men de modo distópico.
Logo
de começo eu me surpreendi com a personagem principal, de modo que
sua personalidade me cativou por sair um pouco dos estereótipos de
mulheres como personagens principais que vemos por aí. Apesar de Sybil Varuna
ter morado a maior parte em Kali e ter ficado órfã, não a fez de modo
algum coitadinha por sua condição passada. Pelo contrário, ela tem uma
língua bem afiada (ainda sim com classe) e consegue impor uma admiração pela
sua coragem e seu bom coração.
Em busca de refúgio e embarcando para seu
novo futuro, ela sofre um acidente e descobre sua habilidade. É exatamente
nessa parte que te faz roer os dedos porque a senhorita Varuna se torna sobrevivente,
e nós nos matamos pra descobrir o que a torna tão especial. E
acredite, isso continua em mistério até o final do livro de certa forma, porque
não sabemos até que ponto Sybil pode avançar com as suas habilidades.
“– Eu não fiz isso – respondo na defensiva. Sinto medo de alguma coisa, mas não sei dizer exatamente o que é.”
Quando Sybil se encontra maravilhada na nova
cidade que foi feita somente para pessoas especiais como ela, as suas escolhas
a fazem seguir outro caminho e a relembra suas ações em Kali. A autora
inclusive aborda temas como a insegurança dos adolescentes em relação as
diferentes características de cada um, o que achei bem legal, já que
muitos adolescentes procuram esse tipo de livro.
Não poderia deixar
de comentar a agonia que o conto dá toda vez que o perigo está por perto e a
ótima escolha de nomes para os personagens, quanta criatividade. O espaço em
que se passa a estória foi bastante inspirado em modernidade e uso dos
nomes gregos a torna dinâmica, já que com
base em filosofias gregas se explica parte da base do mundo que Bárbara
criou.
Pandora... É ridículo como nem sequer tentaram ser sutis - dando o nome da mulher que libertou todos os males no mundo para uma cidade dos anômalos...
Há outros personagens importantes nessa
história, Leon e Andrei por exemplo tornam- se muito úteis para o encaixe de
toda a narrativa. Sem eles ficaria vaga e sem graça. Até por que Andrei fica
responsável por um pouco de comédia no livro, o que deixa a leitura mais leve e
alivia a tensão que rola. Além de que tona-se bastante interessante
o florescer de algo romântico entre ele e Sybil (cuidado com o
shipper, nada é confirmado por aqui).
No geral os fatos se passam rápido, apenas
dando atenção em algumas cenas que se tornam principais e importantes para a
construção dos personagens. Toda tensão que se passa promete muita ação e novas
descobertas - com pitadas de suspiros - e quando se acha que as coisas
finalmente vão se acertar, o final do livro dá a deixa para explorar a
curiosidade do leitor e deixar o gostinho de quero mais como uma frase um pouco
assustadora.
Porque vendi minha alma para ele. E agora sou uma marionete.
Por pouco o
primeiro livro da série "Anômalos" não ganha cinco estrelas. Precisou
um pouco mais de cuidado em explicar como essa nova sociedade se formou (sei
que a intenção era dar algo com tom de mistério), mas seria muito mais simples
se explicasse a base do governo para melhor entendimento do público. Além de
que os fatos se passam de maneira rápida de mais e achei que poderia ser mais
explorada com menos pressa.
Como um
todo, apreciei o livro e gostei bastante da forma de autora escreve e o
universo que ela criou foi pouco diferente do que já havia experimentado.
A
série já conta com um segundo livro e com data marcada para o lançamento do
terceiro na Bienal do Livro deste ano.
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