Autor: Anthony Burguess
Editora: Aleph
Número de páginas: 352
Sinopse: Alex é o líder de uma gangue futurista. Junto com os amigos adolescentes Georgie, Pete e Tosko, pratica assaltos, espancamentos e estupros livremente pelas ruas de uma Londres decadente. Um dia, Alex vai longe demais e, involuntariamente, comete um assassinato. Preso, sua única chance de liberdade é participar como cobaia de uma experiência para eliminar tendências criminosas. Uma experiência extremamente dolorosa e tão desumana quanto a ultraviolência que o próprio Alex costumava praticar.
― Resenha ―
Clássico, ultraviolento, horrorshow. É difícil escolher apenas uma palavra para definir a complexidade e brilhantismo de Laranja Mecânica. Como muitos já sabem, o livro narra a história de Alex, um garoto de 15 anos que, aliado a seus três druguis, vive de roubos, ultraviolência e o velho entra-e-sai. Alex possui um dialeto próprio, o nadsat, que substitui palavras comuns como cabeça por gúliver, por exemplo. Nas edições brasileiras publicadas pela Aleph, é anexado ao fundo um glossário com a tradução, mas que prometi a mim mesmo nunca ler. Isso porque a intenção do autor é de provocar a estranheza na leitura de sua obra, inserido em um mundo violento e incompreensível, e como fã da adaptação de Kubrick, decidi prosseguir pelo caminho mais longo. Apesar disso, muitas palavras vão sendo decifradas ao decorrer da estória.
Em uma habitual noite de crime, o grupo de adolescentes ― formado por Alex, George, Pete e Tosko ― decide assaltar a casa de uma velha senhora, em um ponto mais nobre da cidade. Entretanto, em meio a uma confusão, Alex é pego pela polícia e preso, condenado a quatorze anos de prisão.
Lá dentro, após dois anos, Alex se envolve na igreja. Movimentado pela ânsia de sair, ele ouve os comentários que se espalham pela cadeia: um método inovador e que promete retirar o detento detrás das grades, para nunca mais voltar, conhecido posteriormente como Método Ludovico, um projeto do governo para diminuir a população dos presídios, cada vez mais cheios. Ele utiliza doses de um medicamento que causam enjoo e repulsa quando associados a qualquer fator criminoso, como roubo e agressão.
Em outras palavras, o indivíduo se torna condicionado a não cometer essas atitudes, sendo impelido a tomar medidas que não envolvam violência ou qualquer outro comportamento agressivo.
O livro explora a estranheza em si: segundo Burguess, o nome se trata do casamento forçado de um organismo com vida com um mecanismo frio e morto. Laranja Mecânica era o único nome possível para sua obra.
O autor se preocupou em inserir diversos pontos, que continuam tão atuais quanto 50 anos atrás, como a autopropagação do Estado e a preocupação com sua imagem perante a sociedade. O livre arbítrio do ser humano ― onde sua escolha é negada e portanto, violada ―, e a violência na qual o mundo imergiu e luta para vir à tona, ambos tópicos facilmente relacionados a uma adolescência na qual o indivíduo é condicionado a uma vida de negações e frustrações e portanto, dispõe-se de revolta e violência, na luta pelo seu espaço.
Laranja Mecânica ganhou uma maior visibilidade através da adaptação de Stanley Kubrick, 9 anos após sua publicação. Burguess considera o filme uma reinterpretação radical de seu próprio livro, não uma simples adaptação: a Laranja Mecânica de Stanley Kubrick. "Brilhante, profundo, relevante, poético, de abrir a mente" são características referidas a obra. Entretanto, a película possui um grande diferençal ao não apresentar o último capítulo do livro de Burguess, sendo o final do filme mais enigmático, enquanto do livro, mais explicativo.
Livro ou filme, Laranja Mecânica é um marco e referência na literatura distópica, onde o protagonista Alex se consagrou como anti-herói.
Existem duas edições publicadas pela Aleph. Sendo a normal, com livro e glossário. A edição de 50 anos inclui além desses dois, vários extras, como entrevista e rascunho do autor.
Eu já vi o filme inumeras vezes, mas recentemente comprei essa mesma edição especial de 50 anos e estava super curiosa pra ler, mas fiquei ainda mais ao ler na sua resenha que existe um capitulo final que não foi adaptado!
ResponderExcluirBeijos,
Giulia | www.1livro1filme.com.br
Pode até ser um clichê sem fim dizer que minha vontade de ler esse livro e ver esse filme só aumentou. Mas é a mais pura verdade. Adorei a resenha e as informações quw você inseriu sobre o autor e o ambiemte histórico.
ResponderExcluirFotos lindas.
Bjux
Diego, Blog Vida & Letras
www.blogvidaeletras.blogspot.com