Título: Trama Fantasma
Direção: Paul Thomas
Anderson
Elenco: Daniel
Day-Lewis, Vicky Krieps, Lesley Manville
Gêneros: Drama
Sinopse: Década de 1950. Reynolds Woodcock (Daniel
Day-Lewis) é um renomado e confiante estilista que trabalha ao lado da irmã,
Cyril (Lesley Manville), para vestir grandes nomes da realeza e da elite
britânica. Tudo muda quando ele conhece Alma (Vicky Krieps), que se torna sua
musa e amante.
[RESENHA]
Vendido como último filme da carreira de Daniel Day-Lewis antes de sua
aposentadoria, “Trama Fantasma” é um filme belo, gracioso e sutil sobre um
relacionamento doentio entre duas pessoas completamente opostas, com ótimas atuações
e alguns elementos um tanto confusos, característica presente em algumas obras
do diretor.
Embora pareça um crossover entre “O Diabo Veste Prada” (de David
Frankel) e “Mãe!” (de Darren Aronofsky), o filme consegue trilhar seu próprio
caminho sem ser previsível, com personagens bem definidos dentro da trama, mas
sem profundidade, pois eles não possuem ambições ou histórias de vida.
À direita, Reynolds pega as medidas do corpo de Alma |
O drama acontece quando o romance
entre Reynolds Woodcock e Alma se torna quase exclusivamente profissional e, de
forma similar à protagonista de “Mãe!”, Alma tenta de todas as formas
conquistar o amor e atenção do admirado e imponente estilista. O
desenvolvimento gira basicamente em torno de uma disputa psicológica entre os
dois, com um roteiro e direção recheados não de grandes diálogos ou atuações
super dramáticas, mas de sugestões através de sons, gestos e expressões
minimalistas que criam um leve tom de
tensão e suspense sobre o que vai acontecer em seguida. O destaque aqui não é o
roteiro, que acaba se repetindo em alguns momentos e deixa algumas pontas
soltas, talvez incoerentes, mas a arte e as atuações do filme que estão
muitíssimo belas. O humor inteligente está bem colocado, especialmente nas
cenas envolvendo Cyril (Lesley Manville), irmã de Reynolds.
[PERSONAGENS]
-Reynolds é basicamente uma
versão masculina de Miranda Prestly (personagem de “O Diabo Veste Prada), sendo
apresentado como um estilista renomado e mau-humorado, mas em momento algum
sabemos sua história e como ele chegou ali, a não ser pela sua obsessão pelo
trabalho e perfeccionismo que é mostrado durante o filme;
- Alma é a única personagem
não-linear da história, que vai deixando de ser uma mulher boba e mimada e
ganhando atitude e amadurecimento com o tempo, mas ainda assim de maneira
superficial, pois nem pelas suas ações sabemos o que a motiva ou o seu passado,
quase como se ela não existisse antes de conhecer Reynolds, passando a ter como
único objetivo de vida um pouco da atenção do estilista;
- Menos explorada ainda é Cyril,
cuja função no filme é administrar os negócios do irmão e servir de equilíbrio
entre os protagonistas, pois ela é a única pessoa que seu irmão respeita, e
possui, ao mesmo tempo, a acidez e dureza verbal dele e a sensibilidade de
Alma, mas também não possui metas.
[PARTE TÉCNICA]
Tecnicamente, o filme é quase
impecável. É possível notar como a trilha sonora, fotografia, figurino e
direção de arte estão bem harmonizadas entre si e o roteiro, começando com
sequências graciosas no piano em acordo com um cenário bem iluminado com predominância
do azul, amarelo e lilás em tons mais claros, que causam uma sensação
aconchegante e vão se tornando mais frias e escuras, com menos fontes de
iluminação com o passar o filme, assim como a música vai se tornando mais
dramática e agitada com o tempo utilizando grupos de cordas, mas tudo de forma
sutil. A única parte não sutil é a sonoplastia, que exagera um pouco quando
quer causar incômodo em alguns momentos curtos, ainda que propositais, e não
sabe encontrar um meio-termo, mas por serem momentos isolados, não chega a
prejudicar o filme.
[CONCLUSÃO]
“Trama Fantasma” é um filme
delicioso de se acompanhar, especialmente em relação à parte técnica e
artística, mas deixou um pouco a desejar no roteiro, que se repetiu e ficou um
pouco confuso em algumas situações. Os personagens são superficiais, mas talvez
para manter a imprevisibilidade do filme em si, já que não se pode prever as
ações de quem não se conhece. As atuações chamam atenção e prendem o
expectador. Recomendo!
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