Editora: Record


A dor da perda pode unir duas almas devastadas?
"Num piscar de olhos, num breve momento, tudo que eu sabia sobre a vida mudou."Tristan Cole e Elizabeth Bailey têm algo em comum: ambos perderam quem amavam em um fatídico acidente de carro, tendo que aprender —cotidianamente — a tentar superar a dor e a lidar com o luto, cada um à sua maneira. Para ele, o melhor caminho foi afastar-se de todos, inclusive da própria família. Para ela, a fuga pareceu, até certo momento, ser a melhor solução. Mas até quando eles poderiam sustentar isso?
Quando Elizabeth retorna a Meadows Creek com Emma, sua filha de apenas 5 anos, ela sabe que precisará recomeçar e, em meio a suas tentativas, conhece Tristan Cole, o homem a quem todos garantem que ela deve manter distância. No entanto, os fantasmas do passado e o seu coração parecem não compreender, muito menos aceitar, isso.
"Parecia um homem devastado, mas cada uma das cicatrizes de sua existência me atraía."
Este é um dos meus livros preferidos, por milhares de motivos. Sou apaixonada pelo enredo, pelos personagens e pelo modo como a narrativa flui naturalmente, nos encantando. A Brittainy, além de fofa, sabe imprimir em cada parágrafo amor e empatia, pois é impossível não compreender os personagens ou sentir a dor deles. Confesso que, embora eu achasse as atitudes do Tristan quase sempre muito rudes no início da leitura, consegui entender a dor dele e amei não apenas as suas qualidades, mas também os defeitos, toda a dor que fazia com que ele fosse um homem amargurado pela perda. Quanto a Elizabeth, senti a mesma coisa e a admirei pela garra que teve em se manter firme pela filha, alguém a quem ela amava incondicionalmente.
"Naquela noite, ela era minha droga. Minha alucinação."
Acredito que a lição mais importante que extraí do livro foi que lidamos com as situações — especialmente as perdas — de maneiras distintas, mas que mesmo em meio aos acontecimentos, jamais devemos perder a fé em nós mesmos, a esperança e a capacidade de amar. O relacionamento entre Tristan e Elizabeth, que começa por influência do acontecimento que mais marcou a vida de ambos e da necessidade de lembrá-los das pessoas que foram tão importantes para eles, cresce gradualmente, de uma maneira natural, repleta de amor e companheirismo.
"A pior parte de perder uma pessoa amada é que você também se perde."
É claro que, nesta jornada, eles precisam enfrentar fantasmas do passado, reviver as lembranças e os momentos dolorosos, mas é assim que cada um encontra um novo ponto de partida, desta vez mais concreto, que os prepara para, de fato, vivenciarem o amor que construíram. Apesar de não concordar , a princípio, com a maneira pela qual Tristan se afasta dos pais, achei linda a forma como ele luta para reconstruir o amor fraternal, assim como Elizabeth também passa a compreender as escolhas de sua mãe, sem julgá-la ferrenhamente. Li esta obra colocando-me no lugar dos personagens, sentindo a dor deles e, por isso, muitas vezes sorri e chorei. Não tenho palavras para expressar o quanto que esta obra tocou o meu coração. Os capítulos são narrados alternando os pontos de vista de Tristan e Elizabeth e há quotes lindos e profundos, reflexos de vidas que sofreram, mas que conseguiram superar os acontecimentos difíceis para seguirem em frente. Não posso deixar de acrescentar que o livro é o primeiro volume da série Elementos, seguido por A Chama Dentro de Nós, O Silêncio das Águas e A Força que Nos Atrai.
"Por alguns segundos, eu me senti como antes. Inteira.Completa.Parte de algo esplêndido."
O mais bonito da história é que os personagens refletem humanidade, fazendo com que possamos nos identificar com eles, amá-los na totalidade. A escrita fluída, com capítulos curtos e objetivos encantaram bastante, especialmente porque não há como sentir que o enredo foi prolongado de maneira desnecessária. Brittainy escreveu com a alma, inserindo-nos no mundo de Tristan e Elizabeth aos poucos, enchendo-nos deles em cada linha. O final é lindo, emocionante e cativante, especialmente quando Tristan demonstra querer o pacote completo: Elizabeth, Emma, o passado de luto e o que está porvir. Os personagens abraçam os fatos, as marcas que cicatrizaram na vida, mas que ali permanecem, sendo as lembranças de um momento.
"Quando estávamos juntos, o passado não parecia tão doloroso. Junto dela, nunca me senti, nem por um momento, sozinho."
Particularmente, amo esse livro e, desde que realizei a leitura dele há alguns meses, soube que leria qualquer outra obra da Brittainy. O Ar que Ele Respira não é apenas uma história de amor, mas de aceitação, perdão e superação; da certeza de que, em meio a dor, a felicidade pode surgir e nos guiar ainda que, inicialmente, por caminhos tortuosos até alcançarmos a reta final.
"Como duas pessoas tão imperfeitas e tão devastadas conseguiram estabelecer uma ligação?"
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