Resenha: Indomável | S. C. Stephens

Título: Indomável
Editora: Valentina

Autor: S. C. Stephens

Número de páginas: 400

Classificação: 

Sinopse: Ser o baixista da banda de rock mais famosa do mundo proporcionou muitas vantagens para Griffin Hancock: uma bela casa, um carro veloz e, o mais importante, sua incrível esposa Anna. A única coisa que a fama não lhe trouxe foi um refletor focado apenas nele. Anna o aconselha a ser paciente, e diz que seu talento vai acabar por lhe trazer isso. Só que Griffin está farto de esperar. De forma inesperada para todos, Griffin toma uma decisão chocante e resolve assumir o maior risco de sua vida. Subitamente ele se vê debaixo de novos refletores, luzes, câmeras e... caos -- algo que acaba por levar ao limite o seu relacionamento com Anna. Sua compreensiva esposa sempre considerou sexy o comportamento imprevisível do marido, mas, de repente, sentimentos de dor começam a transparecer em seus olhos, e isso coloca a alma de Griffin em uma espiral de desespero e infelicidade. Justamente quando o reconhecimento do seu talento está ao seu alcance, a pessoa que ele mais ama no mundo pode estar lhe escorrendo pelos dedos.

Resenha

Quanto mais alto se está, maior a queda.

Você será... o astro principal. O rock star. A estrela.

Griffin Hancock possui uma autoconfiança inabalável. Ele acredita ser o verdadeiro astro, o detentor absoluto do talento, o melhor músico da D-bags — uma banda de rock que brilha em cada palco por onde passa, atraindo um público enorme. Kellan, Matt e Evan, companheiros de banda do Griffin, estão empenhados em fazer a D-bags conquistar ainda mais o espaço tão competitivo da música, mas nem todos os integrantes da banda parecem querer o mesmo. 

Imerso na vida de deslumbramentos, Griffin divide seu tempo entre bebidas, tentar ganhar destaque na D-bags e sexo com Anna, sua esposa. Perdido em suas responsabilidades com a banda, Griffin exige, ao menos por uma única vez, um pouco de protagonismo, mas suas atitudes levianas sempre levam à negação de seus desejos. Envolto na possibilidade de ganhar destaque pela primeira vez, Griffin embarca em uma proposta insana para estrelar uma série de TV, disposto a chegar ao topo das paradas. O grande problema é que nem sempre a realidade supera as expectativas. Seu sonho de alcançar a fama se torna algo quase inalcançável e afeta até mesmo a relação com Anna, sua conselheira e com quem ele partilha cada acontecimento de sua vida. Com os problemas da estreia de sua série, Griffin passa a mentir deliberadamente para Anna e percebe que alguns caminhos não têm volta. Sua irresponsabilidade traz efeitos caóticos: Griffin sai da banca e sua esposa acaba se afastando dele, levando consigo as duas filhas pequenas do casal. É a partir desses acontecimentos que Griffin percebe que precisa modificar suas atitudes e amadurecer em todos os aspectos. Contudo, será que ele conseguirá tal façanha? 

— Não. Eu não espero nada de qualquer um de vocês. Simplesmente sei que... fodi com tudo e quis vir pedir desculpas por isso... mesmo que seja tarde demais para mudar qualquer coisa.

Embora eu goste muito de livros cujos personagens são músicos, Indomável foi uma leitura extremamente difícil porque não consegui simpatizar com Griffin Hancock, muito menos me envolver com a narrativa. A leitura se arrastou arduamente e eu torcia para que acabasse porque nada fazia com que eu gostasse da personalidade do Griff, especialmente porque a cada dez palavras dele, vinte referiam-se a sexo ou em como ele podia transar com a esposa  (amo livros eróticos, mas se tornou massante ler incontáveis parágrafos com esta abordagem). Além disso, o cara não tinha filtro verbal nem na frente das filhas, em alguns momentos insultou, ainda que em pensamentos, as parceiras  dos seus colegas de banda e era um leviano total: nível zero no quesito responsabilidade. Enquanto os outros caras da banda eram maduros nos aspectos pessoais e profissionais, Griffin parecia um adolescente inconsequente e deslumbrado. Foi difícil sustentar a leitura diante disto porque as atitudes dele às vezes eram quase irreais.

Apesar de não ter gostado da história, não posso deixar de dizer que Griffin, mesmo agindo como um babaca, tem um lado cômico que às vezes arranca gargalhadas. Embora muitas das coisas que ele pense soem como absurdas, em determinados momentos são divertidas. Além disso, achei bacana (ainda que ele tenha errado muito ao mentir) a relação que Griff possui com a esposa. Apesar da vida meio desregrada, ele é fiel a ela e se importa com as filhas. Griffin é o personagem difícil de definir e que o leitor pode amar ou odiar. No enredo não há nada de surpreendente e é bem previsível, mas a autora organiza a história sem deixar a desejar. Griffin mostra que, em seu interior, há um homem responsável e disposto a lutar pelo que ama. Isso não o torna menos deslumbrado, apenas mais  "pé no chão" em determinado momento; ele cresce com a narrativa, vai se redimindo enquanto luta não apenas pela carreira que lançou pelos ares, mas também pelas amizades e pela família.  As coisas na vida dele se acertam aos poucos ao mesmo tempo em que ele amadurece. Isso é positivo porque não sentimos que a narrativa antecipou acontecimentos. Griffin realmente vai ao fundo do poço para se reerguer a partir do que aprende, do seu crescimento pessoal e profissional. Indomável é um livro que nos mostra que fama e sucesso vêm junto de grandes responsabilidades, e é isto que Griffin aprende depois de fazer tantas coisas erradas. 

Você precisa de tempo. Vou lhe dar todo o tempo de que você precisa, porque tudo que eu preciso na vida é de você.

É válido dizer que a obra é uma espécie de spin-off da Trilogia Rock Star, a qual não é necessário ler para entender Indomável. Para quem gosta de personagens principais no melhor estilo bad boy e um tanto inconsequente, aconselho a leitura. Não gostei do Griffin, mas amei os outros caras da D-bags e, com toda a certeza, em breve lerei a Trilogia Rock Star!