Direção: Damien Chazelle
Roteiro: Josh Singer
Elenco: Ryan Gosling e Claire Foy
Classificação:
Sinopse: Neil Armstrong (Ryan Gosling)
mergulha de cabeça na corrida aeroespacial. Participar desse projeto
governamental tão importante e perigoso não será nada fácil. Todas as
perdas e sacrifícios em torno de sua vida levarão Neil a uma das
jornadas mais complexas de humanidade. Entre deixar a família para
embarcar nessa viagem e se tornar o primeiro homem a pisar na lua, o
astronauta viverá todos os retrocessos e problemas antes de alcançar o
sucesso que foi a missão Apollo 11 de 1969.
Chazelle entrega uma das obras mais belas dos últimos tempos
A tecnologia tem acompanhado a evolução do cinema desde o princípio. Da invenção do vitafone
– a qual proporcionou o cinema falado – até as interações sensoriais a
partir dos filmes 3D e 4D e das salas IMAX. A existência dessas
possibilidades deu as tramas
uma nova ferramenta. A trilha sonora, por exemplo, consegue se tornar
uma personagem a parte cujo pode conduzir o espectador para qualquer que
seja a direção desejada pela produção. Gêneros como ação e terror usam bastante dessa potencialização do som como peça-chave em suas narrativas.
Em seu quarto trabalho como diretor, Damien Chazelle (Whiplash, de 2014, e La La Land, de 2016) leva o público para uma jornada biográfica. O Primeiro Homem é uma adaptação do livro First Man: The Life of Neil A. Armstrong escrito por James A. Hansen que, através da essência fílmica de Chazelle, conta a jornada de Neil até o dia que ele entrou para a história como o primeiro homem a pisar na lua. A partir de uma nova perspectiva, a história sobre essa façanha da humanidade é retratada como nunca antes. Com toda a força sonora e as mais emocionantes tomadas – fatores comuns aos longas do diretor – o público se deleita com o que há de mais belo em sua existência: o universo
O talento de Damien Chazelle
é algo indiscutível. O diretor, roteirista e produtor americano de
apenas 33 anos já deixou a sua marca na sétima arte. A sua singularidade
ao comandar alguma produção se explicita de diversas maneiras. O fator
musical como uma personagem extra de todas as suas tramas; o cuidado
estético com a fotografia e as sequências em plano aberto; e as referências afetuosas ao seu tipo de cinema. Tudo isso faz com que o jovem Chazelle
seja um gênio em Hollywood. Desde a sua segunda película que o mundo
não tira os olhos dos seus trabalhos. E agora, com uma cinebiografia
sobre Armstrong, mais louros serão dados para consagrar o brilhantismo
do diretor.
Tendo como base o livro de Hansen, o roteirista Josh Singer (Spotlight - Segredos Revelados,
de 2015) constrói uma narrativa interessante sobre a jornada do
primeiro homem a pisar na lua. A partir de um olhar mais focado no
emocional de Neil e em suas questões pessoais, o espectador presenciará
uma emocionante aventura espacial contada de uma forma jamais vista. E
para auxiliar as possibilidades desse roteiro, o trabalho do diretor de fotografia, Linus Sandgren (La La Land),
é essencial. A sua sensibilidade e concepção estética acrescentam ainda
mais vida à película e resultam em lindas imagens – como a visão de
Armstrong na lua. A conclusão do time que faz desse projeto algo
artisticamente fenomenal é um velho conhecido e parceiro de Chazelle. O compositor Justin Hurwitz – o qual compôs todas as trilhas dos longas de Damien – emplaca mais uma obra-prima sonora. O trabalho de Hurwitz
eleva todos os elementos cinematográficos para outro patamar. Não
existem palavras possíveis de descrever o quão impactante é a trilha
sonora nesse filme.
Uma
das coisas mais interessantes sobre esse longa-metragem é a forma como
ele é conduzido. Apesar da existência de um elenco relativamente
extenso, a narrativa é administrada por duas personagens. Tal façanha já
se mostrou como uma outra característica de Damien Chazelle. Dessa vez as protagonistas são vividas por Ryan Gosling (Drive, de 2011) e Claire Foy (The Crown,
desde 2016). Ryan, o qual já estrelou outro longa do diretor, dá a sua
melhor performance da vida. Ele entrega ao público um Neil introspectivo
e cheio de cicatrizes do passado. Toda essa profundidade da personagem permite que Gosling
mostre o seu verdadeiro valor como ator. Sua parceira de cena e esposa
na história, teve finalmente a sua chance de brilhar nas telonas. A
brilhante atriz inglesa ganhou com Janet – nome de sua personagem – o
momento de mostrar para o mundo que ela sabe fazer muito mais do que uma
fantástica rainha Elizabeth II. Um dos momentos mais poderosos da trama
é, inclusive, conduzido pelo confronto da personagem de Foy com a de Gosling.
A união de todos esses elementos resulta
em uma produção que a Universal Pictures tem muito que se orgulhar. A
narrativa é completa e não deixa margem alguma para críticas. Um
trabalho verdadeiramente magnífico. Chazelle
conseguiu unir todas as suas características de diretor com uma equipe
perfeita, permitindo que a sua visão ganhasse vida da melhor forma. A
sensibilidade sensorial que First Man (título original) utiliza como pilar da narrativa foi brilhantemente construída através da junção das mentes de Chazelle, Singer, Sandgren e Hurwitz. Esta é uma película que deixará o público com sequências tatuadas na memória. O olhar das pessoas para o espaço nunca mais será o mesmo.
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