Crítica | Creed II

Título : Creed II
Direção: Steven Caple Jr.
Elenco: Michael B. Jordan, Dolph Lundgren, Thessa Thompson, Florian Munteanu e Sylvester Stallone
Classificação: 

Sinopse:Adonis Creed (Michael B. Jordan) saiu mais forte do que nunca de sua luta contra 'Pretty' Ricky Conlan (Tony Bellew), e segue sua trajetória rumo ao campeonato mundial de boxe, contra toda a desconfiança que acompanha a sombra de seu pai e com o apoio de Rocky (Sylvester Stallone). Sua próxima luta não será tão simples, ele precisa enfrentar um adversário que possui uma forte ligação com o passado de sua família, o que torna tudo ainda mais complexo.

                           Crítica

Creed II é o novo filme da franquia Rocky e tem a história diretamente ligada aos acontecimentos de Rocky IV de 1985. Somos apresentados a um Ivan Drago falido, esquecido pelo seu povo e que treina o seu filho Viktor para reconquistar a honra perante a Russia.

A ideia de trazer o maior adversário do Rocky Balboa não podia ser mais especial. No primeiro longa, Adonis era uma incógnita desconhecia do público, fez jus ao peso do nome que carregava, mas que de alguma isso atrapalhou em deixar o seu legado como pugilista e não apenas como o "filho de Apollo".

Esse é um dos maiores trunfos do roteiro escrito pelo próprio Sly, tentar aprofundar todos as cicatrizes deixadas pelo filme de 85 e dar a Dolph Lundgren a importância e o espaço necessário para ser a força motriz e fazer o filme funcionar.

Infelizmente, o contexto político do filme de 1985 foi praticamente esquecido. Em Rocky IV com a direção e roteiro também do Stallone, colocaram os racistas americanos e no meio do governo Reagan para glorificar como o maior herói nacional um negro, entrando no ringue com "living in the america" e morrendo nas mãos de um "monstro" soviético, além de fazer todo um povo gritar por um ítalo-americano em solo soviético, em Creed II esse contexto não é explorado.

Michael B Jordan continua fantástico no papel de Adonis, segue o legado do pai mas com um toque de Rocky Balboa. Vemos um Donnie mais maduro, mas ainda inseguro e que vê a morte do pai ainda como uma lacuna a ser fechada na sua vida de campeão mundial.

Thessa Thompson ganha um papel de maior destaque no filme e é brilhante. A sinergia dela com o B Jordan é muito natural e consegue nos fazer se importar com todos os dramas, alegrias e felicidades do casal.

Stallone é um Rocky mais velho, mais mentor e finalmente vira um pouco o Mickey treinando o Adonis. Confesso que a todo momento esperei um "Get up you son of a bitch! 'Cause Mickey loves you!"

Dolph Lundgren tem seus dramas expostos, supre a nossa curiosidade do que aconteceu nesses quase 30 anos e mostra que é um atorzão da porra. Florian Munteanu como Viktor Drago é monstruoso, apesar de sua atuação ser fraca, é quase proposital. Ele não entende as motivações, vive em conflito e sana qualquer dúvida sobre o que deve fazer na porrada.

A direção de Steven Caple Jr é honesta, mas um pouco deficiente. Se no primeiro longa do Ryan Coogler, tivemos cenas viscerais, planos sequencias de tirar o fôlego e uma luta que quase me fez levantar da poltrona do cinema gritando, nesse ficamos no "tivemos cenas" e nada de tirar muito o fôlego.

As lutas são bem coreografadas e o peso de cada porrada é evidente, mas faltou coragem, munheca e técnica para fazer algo memorável.

As cenas de treinamento são "reboots" de Rocky IV, mesmo que muito bem montadas e bonitas, mais do que a do Rocky IV inclusive, não tem um grande impacto na narrativa.

Em Creed II, o boxe fica em segundo plano, aqui vamos lidar com os traumas, jornadas e busca por criar os legados dos nossos personagens, apelando para a nostalgia dos fãs e criando o sentimento de pertencimento em quem começou a acompanhar a franquia agora.
 
Apesar de parecer contraditório, sendo um filme de boxe, Creed II nos mostra que as batalhas não começam e nem terminam exatamente no ringue, e o quanto você aguenta apanhar do passado, vai determinar o quanto você vai bater no futuro