Direção: Rich Moore e Phil Johnston
Roteiro: Phil Johnston e Pamela Ribon
Elenco: John C. Reilly, Sarah Silverman, Gal Gadot, Taraji P. Henson, Jack McBrayer, Jane Lynch, Alan Tudyk, Alfred Molina e Ed O'Neill
Classificação:
Sinopse: O vilão mais heroico do fliperama e a campeã das corridas do Litwak Arcade estão de volta para mais uma aventura. Ralph (John C. Reilly) e Vanellope (Sarah Silverman) precisam salvar a Corrida Doce. Desde que o jogo acidentalmente quebrou, a rainha das corridas e todos os outros habitantes do Sugar Rush estão sem um lar. Para isso, os dois decidem embarcar
numa jornada pela internet para achar a peça que vai consertar o jogo e
salvar todas as personagens da Corrida Doce. Nesse caminho, contudo,
eles terão que enfrentar o mundo desconhecido da internet, achar o que
precisam e voltar para casa a tempo de salvar a vida de todos.
WiFi Ralph e a maldição das sequências
A Walt Disney Animation é um estúdio que move e molda o mercado de animações. É inevitável
pensar no império do Mickey sem associa-lo ao comando da rentável
indústria de filmes infantis. É impossível esperar de um novo produto
animado algo diferente do sucesso. A chancela Disney (ou Disney/Pixar)
tende a gerar um turbilhão de emoções e expectativas no público. Diante
disso, qualquer piso fora de lugar, qualquer tropeço, mesmo que mínimo, pode gerar um tumulto absurdo.
Com a estreia de qualquer longa animado, o mercado imediatamente se prepara para o melhor resultado possível – e não seria diferente com WiFi Ralph: Quebrando a Internet.
A película estreou nessa quinta-feira (3) nos cinemas brasileiros. O
longa-metragem já chegou ao circuito comercial com elogios, indicações
como Melhor Animação em algumas premiações e uma bilheteria que já supera seu orçamento. Ou seja, Ralph Breaks the Internet (título original) tinha tudo para ser mais um sucesso indiscutível da Walt Disney, contudo, ele tem suas falhas.
WiFi Ralph
parece viver a velha maldição das sequências. A dificuldade de dar
continuação a uma história sempre foi um problema para as produções
cinematográficas. A questão sobre nesse filme está na força dele quando
comparado ao seu antecessor. Detona Ralph (2012) fez sucesso quando lançado, em especial pela sua mensagem por trás da história. As animações da Disney conquistam o espectador, principalmente, por se construírem como um conto de fadas, sempre com uma moral da história ao final. É aí que está a questão de WiFi Ralph.
O problema não está no conteúdo da nova mensagem, mas na maneira como
ela é elaborada no decorrer do roteiro. É bonita, mas solta. A beleza da
ideia é quase que totalmente desperdiçada.
O problema de WiFi Ralph: Quebrando a Internet
é a comparação. É inevitável que o público relacione os dois filmes e é
nessa análise que o segundo longa vai perder. Não existe mais o fator
novidade para o universo. Já conhecemos o Ralph e a Vanellope. Já entendemos como funciona a beleza do universo idealizado por Rich Moore, Phil Johnston e Jim Reardon.
As coisas se tornam previsíveis. O encanto se perde um pouco e acaba
dando espaço para o incômodo com a repetição e as pequenas falhas.
A dinâmica das personagens principais tem dois momentos. O primeiro se assemelha muito a narrativa de Detona Ralph, o que, consequentemente, capta a atenção do espectador apesar do
seu caráter óbvio. Já o segundo carrega a quebra da expectativa com o
que estava proposto – o que seria bom se não fosse tão truncado. É aqui
que estão as falhas. É nesse segundo momento que o público, ainda na sessão, começa a questionar a clareza da mensagem do filme e passa a fazer o destrutivo comparativo.
Existem
claros artifícios que foram usados no novo longa para desviar a atenção
do público e envolve-lo numa história secundária. A ida à world wide web é uma enorme referência ao cotidiano
de qualquer pessoa. É indescritível a forma divertida e lúdica como a
produção traduz alguns dos mais populares espaços da internet. O
espectador fica sem fôlego tentando aproveitar todos os detalhes. Outro momento que demanda muita atenção do público é quando Vanellope vai parar no mundo digital da Disney. As pessoas se veem perdidas em um oceano vasto de auto referências.
São tantas figuras conhecidas, detalhes escondidos e sutilezas que faz o
espectador se perder. Todos esses artifícios são divertidos e
interessantes, mas eles acabam tomando um espaço maior do que deveria.
A cena da Vanellope com as princesas, por exemplo, se
tornou o maior divulgador dessa produção. Tendo isso em vista, a
sequência perdeu seu lugar inúmeras vezes para outros elementos – sejam cenas, referências e ou até mesmo o comparativo com o antecessor. Essa é a falha maior de Ralph Breaks the Internet.
Ele cumpre seu papel de animação divertida e esteticamente perfeita,
mas peca no enredo e em seus acessórios de referência. O público
consegue sair satisfeito ao final da sessão – em especial pela música final do Imagine Dragons feita para a película –, mas sai, também, com o sentimento de que a sequência poderia ter sido melhor.
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