Título: Dumplin'
Direção: Anne Fletcher
Roteiro: Kristin Hahn
Elenco: Danielle Macdonald, Jennifer Aniston, Odeya Rush, Maddie Baillio, Bex Taylor-Klaus, Luke Benward e Harold Perrineau
Classificação:
Sinopse: Willowdean Dickson (Danielle Macdonald), também conhecida como Dumplin’, é uma jovem que mora numa cidade pequena e a sua vida é quase comum. As coisas fogem da normalidade quando se fala de padrões. Dumplin’ é filha de uma ex miss (Jennifer Aniston) – que é uma espécie de celebridade local – e se mostra terminantemente contra os
arquétipos dos concursos de beleza. A convivência entre mãe e filha se
tornou mais difícil ao longo dos anos e tudo entrará em risco quando Willowdean
desafia a sua mãe e entra para o concurso de beleza da cidade. A jovem
quer provar para todos que não existe um único padrão de beleza e que a
diversidade deve ser amada e aplaudida.
Netflix acerta com nova comédia sobre aceitação e individualidade
Numa jornada por produtos de qualidade e com apelo comercial, a Netflix tem fracassado com suas últimas estreias. O serviço de streaming, em 2018, teve um histórico decepcionante com longas terríveis como Vende-se Esta Casa, Dívida Perigosa, Próxima Parada: Apocalipse, Lá Vem os Pais, entre
outros. Os produtos distribuídos pela Netflix não fizeram jus a força e
ao potencial do streaming. Existe um claro conflito de escolhas numa
empresa que lança produtos criativos e esplêndidos como The Ballad of Buster Scruggs e Roma e, no mesmo ano, também distribui filmes sem um trabalho cinematográfico razoável como Tau, O Paradoxo Cloverfield e Tal Pai, Tal Filha.
Em
meio ao caos dos fracassos e sucessos intercalados, a Netflix lança em
seu catálogo brasileiro uma comédia que promete ganhar o público. Dumplin’
é a estreia dessa sexta-feira (8). O longa-metragem é a adaptação de um
livro de mesmo nome da autora Julie Murphy. A produção traz uma
discussão sobre padrões, aceitação, memórias e individualidades abraçada
pelas músicas de Dolly Parton – incluindo a canção original feita por ela para o filme.
A condução da produção é muito simples e correta. A diretora Anne Fletcher (A Proposta,
de 2009) transmite uma sensibilidade com as imagens. Fletcher mostra
mais uma vez a sua pluralidade. O novo longa da diretora mantém seus
traços comuns sem deixar de inovar e se diferenciar de seus outros
trabalhos – como Ela Dança, Eu Danço (2006) e Vestida para Casar (2008). Todas as contestações que o filme engloba são perfeitamente enquadradas pelo olhar da diretora. Dumplin’ funciona como uma ode a diversidade embalada pelas canções de Dolly Parton.
Para compor o trabalho de Fletcher, a roteirista e produtora Kristin Hahn absorveu a essência do livro e construiu uma narrativa forte e divertida. O segredo do roteiro de Dumplin’
é a mescla das nuances de comédia com momentos de emoção e mensagens
fundamentais. A história, apesar de ficcional, é a melhor forma de
personificar uma discussão sobre os padrões estéticos da sociedade. Além
disso, o roteiro descreve uma personagem principal forte, determinada e
extremamente feliz consigo. Willowdean é um acontecimento do cinema que representa a luta contra o olhar preconceituoso das pessoas com o peso alheio.
A
escolha do elenco é interessante e consegue convencer o público de suas
histórias. Os destaques principais vão para Danielle Macdonald e
Jennifer Aniston que se entregam perfeitamente as verdades de suas
personagens. As melhores interações cênicas acontecem entre Macdonald e
Aniston e elas representam a força de discussão da temática central do
longa. Entre risos e lágrimas, a dupla de mãe e filha rouba o coração do
espectador. Outro ponto forte do elenco são as performances de Maddie Baillio, Harold Perrineau e Ginger Minj cujo encorpam o teor cômico sem perder a delicadeza de suas representações sociais dentro da narrativa.
As músicas de Dolly Parton
incorporadas ao filme servem tanto para compor a história de Willowdean
e suas memórias emotivas como para representar a força da personagem e
do filme. As letras de Dolly dão liga à narrativa sensível e festiva
sobre a diversidade dos corpos, talentos e das essências de cada pessoa.
Tudo isso se completa com a canção original intitulada “Girl in the movies” - a qual foi indicada em seis premiações diferentes e chegou ao shortlist do Oscar.
Dessa vez, a Netflix foi extremamente feliz com um de seus filmes. A simplicidade, leveza e força de Dumplin’ fazem desse longa uma estreia que chamará a atenção do espectador e fará jus a qualidade de produções que o streaming
pode ter. Com esse acerto, talvez a Netflix perceba qual caminho seguir
para criar novas narrativas relevantes. Ademais, o longa sobre Willowdean é uma bela comédia sobre o abraço a sua própria individualidade.
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