Crítica | Escape Room

Título: Escape Room

Direção: Adam Robitel

Roteiro: Bragi F. Schut e Maria Melnik

Elenco: Taylor Russell, Logan Miller, Deborah Ann Woll, Tyler Labine, Jay Ellis e Nik Dodani

Classificação:

Sinopse: Estranhos são escolhidos de forma misteriosa para participar de um experimento. As seis pessoas convidadas para viverem as possibilidades da sala imersiva se veem desafiados a desvendar os enigmas contidos nela para ganharem o prêmio de um milhão de dólares. Para a surpresa deles, essa experiência imersiva será muito mais intensa e mortal do que o esperado. Agora os seis terão que entender como o jogo funciona para conseguirem escapar dessa brincadeira mortal.


Sony Pictures traz uma imersão razoável com a estreia de Escape Room

As propagandas e publicidades dos produtos audiovisuais se tornaram o maior captador de espectadores de um filme. Com isso, os trailers e pôsteres tem ganhado uma relevância maior. Apesar do público ainda ser chamado aos cinemas por um ator, atriz ou diretor de sua preferência, os trailers tem sido a fonte principal de venda e de convencimento de uma obra cinematográfica. Há, contudo, um perigo nessa história. A seleção de passagens de uma determinada produção e a maneira como essas cenas são montadas para criar trailers e teasers podem frustrar o público. Existem dezenas de exemplos onde os trailers eram absurdamente bem feitos e os longas tiveram resultados ruins – como os terríveis Sem Saída (2011) e Esquadrão Suicida (2016). 

Outro ponto delicado dessa divulgação está relacionado aos gêneros de suspense e terror. A necessidade de prender um possível espectador por um minuto e meio ou dois, pode acabar com as surpresas e os momentos de medo e/ou tensão. Trailers como o de Annabelle (2014), A Noiva (2017) e A Sereia (2019) tornam os acontecimentos das películas previsíveis. O espectador tem um pequeno vislumbre do todo e, no momento que está diante da obra completa, ele consegue decifrar os acontecimentos a partir do que ele sabe, acabando com qualquer tipo de elemento surpresa.  

A nova produção da Columbia Pictures – empresa associado ao grupo Sony – chega aos cinemas nessa quinta-feira (7) com o fatídico defeito de divulgação. Apesar do resultado razoável de Escape Room, seu trailer pode estragar o desenvolvimento da narrativa. A montagem dele, apesar de interessante, dá muitas pistas sobre os principais acontecimentos do filme, atrapalhando a experiência. 

A forma como Adam Robitel (Sobrenatural: A Última Chave, de 2018) conduz a trama é interessante. De início as suas brincadeiras com a câmera parecem um tanto desnecessárias e exageradas, mas, à medida que o jogo começa, o público passa a estar imerso naquela história e os inusitados enquadramentos e filmagens fazem todo o sentido. A sua direção condiz com a narrativa contada em tela, o que a torna mais agradável. Robitel, apesar das limitações do roteiro, conseguiu criar boas imagens que são capazes de prender a atenção do espectador durante o tempo do longa. 

O roteiro foi elaborado por Bragi F. Schut – cujo também idealizou a história e Maria Melnik. A dupla de roteiristas conseguiu, em 99 minutos, criar uma narrativa coerente e intensa. A realidade imersiva se justifica o tempo todo pelo roteiro, direção e filmagem, o que ajuda a concretizar a ficção. A atmosfera e a escolha das personagens foram bem construídas e, graças a isso, o filme se sustenta apesar das falhas. Contudo, é inevitável reparar na repetitividade da premissa. Depois de assistir Cubo (1997) e Jogos Mortais (2004), esse tipo de história perde a originalidade. Por mais que a produção enviese para os escape rooms os quais se tornaram uma febre entre os jovens nos últimos anos a base é a mesma desses dois clássicos dos jogos sádicos e claustrofóbicos. 

Além da premissa que se repete, o passado das seis personagens principais é deixado um pouco de lado. Talvez o aproveitamento e aprofundamento dessas vivências ajudasse a sanar o problema da repetitividade. Em compensação, o longa-metragem conta com um design de produção interessante. A arte feita para que o público visualizasse os tormentos das fases de Escape Room se transfiguraram da melhor forma possível. Existe uma cenografia extremamente imersiva e bem estruturada. Há ainda uma conexão entre esses cenários e os traumas e temores das personagens principais. É esse trabalho da direção de arte que reforça toda a construção da narrativa e ajuda a direção a criar sequências e cenas mais interessantes. 

Os atrativos de Escape Room acabam superando os seus defeitos. Por ser uma espécie de versão mais leve das franquias Cubo e Jogos Mortais, a produção expande o seu leque de oportunidades. O trailer, mesmo com excesso de pistas, acaba chamando a atenção do público, o que influenciou diretamente na bilheteria atual – que se aproxima de um valor 11 vezes maior que o seu orçamento. Todas essas questões colocam o novo longa-metragem da Sony num lugar agradável e de destaque. Consequentemente, estúdio consegue criar uma narrativa de imersão razoável e já apela para possíveis oportunidades futuras com o fim do filme.

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