Crítica | Tipos de Gentileza

Título Original: Kinds of Kindness

Gênero: Drama, humor ácido

Direção: Yorgos Lanthimos

Elenco: Emma Stone, Margaret Qualley, Jesse Plemons, Hunter Schafer, Joe Alwyn, Williem Dafoe, Hong Chau e Mamoudou Athie.

Notinha: 3/5



SINOPSE:

A trama de TIPOS DE GENTLIZA gira em torno de três personagens: um homem sem escolha que tenta assumir o controle de sua própria vida; um policial que está alarmado porque sua esposa desapareceu no mar e ao voltar, parece uma pessoa diferente; e uma mulher determinada a encontrar alguém específico, com uma habilidade específica, que esteja destinado a se tornar um líder espiritual prodigioso.

CRÍTICA

Como é que eu vou falar a vocês de um filme que é pura experiência sensorial sem entregar tantos spoilers e estragar a experiência pessoal de cada um? Foi o que me perguntei quando saí da sessão na semana passada, uma coisa posso afirmar agora sem medo: esse é daqueles filmes que não vai agradar ou fazer sentido para todo mundo, tá longe de ser uma unanimidade e o título escolhido me fez pensar desde que foi anunciado, vou deixar para que cada um tire suas próprias conclusões a respeito.

E me parece ser muito intencional ter vindo no ano seguinte ao longo anterior de imenso sucesso Pobres Criaturas (2023) que caiu no gosto de público e crítica levando 4 estatuetas no Oscar desse ano.  Lembram? Pois bem, podem esquecer! rs que esse aqui tá num outro patamar de apelo artístico. 

No novo longa o diretor grego Yorgos Lanthimos quer nos provocar, chocar(para não perder o costume!), causar sensações de desconforto, choque e surpresas porque nenhum dos personagens dos três contos das histórias passaria ileso numa consulta psiquiátrica e o filme leva isso ao extremo em certos pontos.

Me parece necessário e importante pontuar que há uma certa coragem em fazer uma obra tão estranha sem grandes apelos de doçura, pureza ou linearidade aqui os limites humanos estão sendo testados e explorados o tempo inteiro. Nessa obra a humanidade tá crua, fria, apodrecendo, perdida, sem rumo mas buscando salvação do jeito que sabe e qualquer semelhança com a humanidade em si não há de ser mera coincidência.

Até onde podemos ir por obediência e lealdade? Qual o limite entre o que você acredita ser o certo e o que o outro te diz ser? Quando se desconfia da identidade de alguém da intimidade ir até os últimos recursos para provar é mesmo o caminho ou sucumbir e enlouquecer parece mais razoável? São questionamentos de cunho existencial, que se encaixam nas histórias apresentadas mas também podem servir para nós mesmos em nossos respectivos dilemas pessoais.

Em tempos de tamanhas aberrações de altos orçamentos disfarçados de arte pura, o grotesco e bizarro são um belo convite que pode chegar de diferentes formas a nós mas certamente não passará despercebido ou será facilmente esquecido por quem aceitar o convite e isso me parece muitas vezes mais importante que agradar grandes plateias.


                                                               Boa sessão!

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário